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05/04/2008

Conto fresquinho: Arame Farpado

Hehehe... Mais um conto que fiz para a escola... Dessa vez o tema era livre mas tinha que usar flashback... Aí vai a obra:

Arame Farpado

Dormiam. Sonhavam.
Passava da meia noite, as duas gêmeas Karen e Sarah dormiam quando de repente, o som estridente do telefone ecoou por toda a casa.
Karen foi a que se levantou, com as feições sonolentas, para atendê-lo. Cruzou o corredor que dividia o quarto do escritório com as mãos estendidas para evitar que trombasse com alguma parede.
Vagarosamente a garota andou até o telefone grudado á parede e o agarrou com as duas mãos. Levou-o aos ouvidos e disse enquanto bocejava:
- Alô?
O telefone não emitia nenhum som.
- Alô?!
Uma estranha voz infantil começou a cantarolar uma música. Karen gritou. Correu até o quarto, onde a irmã já estava acordada, com a respiração forte, assustada.
- Sarah! Era ela! A garotinha! Cris corre perigo! Eu ainda corro perigo! – berrou.
- Mas... Nós encontramos o corpo! Nós a queimamos! O que fizemos de errado? – Sarah se questionou levantando-se da cama e pegando na gaveta uma porção de roupas.
Ambas se vestiram rápida e basicamente. Blusa branca, jeans, tênis. Logo depois, saíram correndo em direção ao carro.
- As chaves! – Karen gritou.
Sarah entrou rapidamente na casa e agarrou o molho de chaves esquecido em cima da mesa-de-centro na sala, ao lado de um vaso de porcelana azul com rosas vermelhas.
Novamente a garota saiu no jardim e correu até a irmã, que a esperava em frente ao carro. Entraram.
Karen agarrou as chaves com força e ligou o carro, que saiu em disparada em meio á estrada fria.

Estava uma tarde nublada. As duas irmãs estavam sentadas juntas, uma ao lado da outra, no duro banco de plástico do ônibus escolar, voltando para a casa.
Sarah consultava o relógio frequentemente, era uma hora da tarde quando o ônibus fez sua ultima parada antes que chegassem ao ponto onde iriam descer. Logo, o veículo parou novamente e as duas gêmeas se levantaram, iguais, e entraram na fila junto ás outras pessoas que também estavam descendo.
Desceram, seguidas por Kevin, que desceu logo em seguida enquanto dizia:
- Até amanhã meninas... Até amanhã Sarah.
- Muito engraçado... Muito engraçado... - a garota resmungou dando uma gargalhada seca e sarcástica.
O garoto riu e seguiu pelo caminho oposto ao das irmãs, que logo estavam em frente ao portão de suas casas.
Karen retirou o molho de chaves do bolso e abriu a porta. Ambas correram ao quarto, onde largaram as pesadas mochilas em cima da cama.
- Vou tomar banho. – Sarah avisou.
- Tá. – Karen respondeu, indo até a sala, onde ligou o computador.
Sentou-se em frente ao aparelho, aguardando sua vez de ir ao banheiro. Conectou-se á internet e rapidamente entrou no orkut, onde pretendia verificar se alguém lhe deixara alguma mensagem nova.
Nenhuma.
Começou a ver as novidades pelas comunidades. Logo o chuveiro fora desligado. Karen continuou procurando por algo interessante até que encontrou um tópico muito estranho, ao qual, mesmo não admitindo á si mesma, a espantou:

Oi, meu nome é Thalita.
Se eu estivesse viva, hoje, eu teria quinze anos. Eu sempre fui uma menina muito, muito boa. Fui uma menina daquelas quais todos pensavam ser uma boneca de porcelana.
Porém havia um homem em minha vizinhança que não gostava de crianças. O quintal dele era espaçoso e não havia cerca alguma, portanto todos meus amigos e eu adorávamos andar de bicicleta lá. Ele sempre nos expulsava aos gritos quando nos notava lá.
Uma noite, em silêncio, ele colocou uma cerca com arame farpado. No dia seguinte, eu e minha família fomos viajar e lá, ganhei a bicicleta que tanto pedira durante vários anos para minha mãe.
Voltamos tarde para casa e já era noite. Empolgada com minha nova bicicleta, eu decidi ir testá-la no vizinho do quintal gigante.
Foi quando eu conheci o arame farpado de perto, muito perto. O Vizinho me viu caindo e começou a rir, porém ao ver que não me levantava começou a se desesperar. Sem saber que eu ainda estava viva, ele me enterrou em seu quintal enquanto cantarolava uma estranha canção:
Ininxanem Asumasem Isanxicu...
Agora que você leu essa cantiga, você deve passar essa mensagem em pelo menos vinte comunidades diferentes em apenas vinte minutos. Senão, você também vai conhecer meu arame á meia noite, pois já estou te esperando no telhado de sua casa, o telhado de onde meu vizinho se matou.
Não pense que isso é uma brincadeira. Vários tentaram rir de mim... E foram essas várias pessoas enterradas no dia seguinte.
Não me ignore.

- Ei! O que você está vendo? – Sarah falou já de pijamas, ao lado de Karen.
A garota, sentada em frente ao computador, sentiu um arrepio de susto do aparecimento repentino da irmã. Ficou muda.
Silenciosamente, Sarah leu o que estava escrito na mensagem.
- Você ficou assustada com essa baboseira é? – riu.
- Eu não! – Karen respondeu, com um tom de voz muito fina.
- Tá... Por que a gente não passa essa mensagem pro Kevin... Ele vai ficar morrendo de medo!
- Tá... Aí, só para garantir a gente espalha pras comunidades da escola também... Vai ser um sarro só amanhã. – disse, entusiasmada.

Karen revirava-se de um lado para outro na cama. Estava sem sono algum. Consultou o relógio na mesinha ao lado de sua cama. Faltavam cinco minutos para a meia noite.
Baque.
A garota assustou-se. Vinha de fora da casa.
- Ei! Sarah...
- O que foi? – a irmã gemeu sonolenta.
- Eu ouvi alguma coisa lá fora...
- Pare de tentar me assustar! Você não vai conseguir... – Sarah falou, puxando as cobertas para junto de seu peito.
Karen levantou-se e agarrou um molho de chaves em sua gaveta. Andou vagarosamente até a porta da frente. Saiu.
Um corpo falecido caiu bem em sua frente. Um homem. O assassino de Thalita.
Olhou para cima. Gritou fortemente.
Lá estava a garota em cima do telhado. Com cabelos negros que escondiam seu olhar.
Karen correu para dentro da casa, onda a irmã a esperava no quarto, de pé, em frente ás camas.
- Thalita! Ela está no telhado! – gritou desesperada.
- Pare de falar bobagens! – a irmã retrucou. – e pare de gritar... A mamãe vai acordar.
De repente Sarah paralisou-se. Abriu a boca como se fosse gritar enquanto olhava atrás de Karen.
- Karen... Precisamos sair dessa casa! Pegue as chaves do carro.
A garota começou a virar o pescoço para ver o que havia atrás dela.
Thalita.
Gritou.
As duas congelaram. Não sabiam o que fazer. De repente a luz se ascendeu.
- O que está acontecendo aqui meninas? – Regina, a mãe das garotas perguntou.
Ambas ficaram mudas.
Os olhos das irmãs continuaram abertos até o sol nascer. Ouviram passos no telhado e barulho de queda durante toda a noite.
Logo a mãe gritara da cozinha:
- Hora de irem para a escola!
Arrumaram-se em silêncio. Não comeram nada. Ficaram mudas dentro do ônibus até Sarah admitir:
- Eu já tinha lido essa mensagem.
- O que?
- É... Eu já conhecia, e já tinha passado a mensagem para frente, por isso, quando vi que você leu, eu não li novamente a cantiga.
Karen não respondeu.
- Kevin não está no ônibus. – Sarah falou, preocupada.
- Essa não!
Não conseguiram prestar atenção ás aulas. Faltavam poucos minutos para o intervalo quando a diretora entrou na sala de aula com as feições tristonhas.
- Os pais de seu colega, Kevin, acabaram de ligar. – começou.
As gêmeas levantaram seus rostos, sérias.
- Ele está no hospital... Com vários cortes de arame farpado pelo corpo. – a mulher concluiu.
O sinal que anunciava o inicio do recreio soou por toda a escola. Os alunos saíram todos cabisbaixos.

Thalita apontava para o chão da casa de Karen enquanto ele ardia em chamas. A estranha garota começa a andar em sua direção, sem mostrar os olhos.
Karen grita. Levanta sua cabeça. Todos dentro da sala de aula olhavam para ela.
- Karen... Você está bem? – Sarah perguntou, preocupada.
- Tive um pesadelo. – cochichou.
- Com uma garota que apontava para o chão em chamas? – uma voz grossa questionou ao fundo da sala.
As duas irmãs olharam para trás. Era Cris.
- Eu li a mensagem de vocês na comunidade da escola. Ela ficou no meu telhado fazendo barulhos toda a noite. – o garoto concluiu.
- Nós não sabíamos que era verdade! – ambas falaram em conjunto.
- O que você pensa que deve significar o sonho, Karen? – ele perguntou.
A garota fechou os olhos por alguns instantes.
- Devemos encontrar o corpo e queima-lo. – disse, enquanto abria os olhos.
- Mas em qual casa procurar?- Cris questionou.
- Em seu sonho... Você via sua casa? Ou era uma casa desconhecida? – Karen perguntou.
- Desconhecida. – o garoto respondeu.
- No meu... Era minha própria casa.

Os três olharam para a casa. Cris voltou seu olhar ás duas irmãs e balançou a cabeça positivamente.
Foram para dentro e apanharam pás. Começaram a cavar.

O sol desaparecia no horizonte.
- Não encontramos nada ainda... E olha que reviramos muita terra! – Sarah reclamou, com o suor coberto de poeira. – Tomara que haja tempo até meia noite.
De repente Karen pára. Espera sua respiração ficar mais calma e fala:
- O corpo está aqui! Eu o encontrei.
Cris agarrou o galão de gasolina retirado do carro de sua mãe e despejou todo o conteúdo no buraco onde havia um esqueleto quase totalmente decomposto. Ascendeu o isqueiro. Jogou.
Todos sentaram em frente ao fogo para ver sua obra. Conseguiram. Ou não?

A estrada estava escorregadia. Começou a chover.
Sarah estava encolhida em seu canto, no carro.
- Mas... O que deu de errado? – se questionava.
Karen, de repente entendeu.
- O corpo estava quase totalmente decomposto. A essência de thalita continua ali... Fazendo vítimas e mais vítimas. – falou.
- Isso quer dizer que você vai morrer? Se machucar? – Sarah começou a chorar.
Karen olhou para o retrovisor. Thalita estava no banco traseiro. Seu olhar escondido por seus longos cabelos pretos. Cris estava todo envolvido por arames farpados. O garoto respirava com muita dificuldade.
As duas irmãs gritaram.
Karen sentiu o arame farpado envolver seu pescoço. Sentiu o sangue escorrendo por seu corpo. Seu pé afundou no acelerador.
Poste.
Os corpos das irmãs e de Cris voaram pelo vidro, estraçalhando-o.

Se você encontrar essa mensagem pelo orkut. Se o começo for parecido com qualquer coisa como essa... Não leia até o final. Se ler... Obedeça.

Fim...